O treinador Toninho Cecílio chegou com uma imagem de ser nervoso, mas termina o ano com uma característica oposta. Paciente, ele foi um dos principais intermediadores entre jogadores e diretoria, durante a crise com o atraso nos pagamentos dos salários. Em campo, conseguiu dar ânimo e força para o elenco interromper a queda livre na Série B e terminar com o time na 10ª posição e quase impedir o acesso do rival Atlético-PR com o empate na última rodada.
Com contrato até o final do Campeonato Paranaense, Toninho aproveita o término da competição para ficar com a família no interior paulista. Em entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM, por telefone, o comandante paranista fala sobre a fama de ser irritado, os desafios ao assumir o Tricolor e como ajustar um time com tantos problemas internos.
Toninho conta que a experiência administrativa no futebol ajudou a entender o que acontece nos bastidores paranista. Junto com a diretoria, ele assumiu um papel importante, que passa dos limites do gramado. O treinador atua como um conselheiro, olheiro e auxiliar do gerente Alex Brasil. Em todas as reuniões sobre planejamento, ele está presente de alguma forma. Mesmo sem estar em Curitiba, conversa com os dirigentes, em média, quatro vezes por dia.
O currículo de Toninho Cecílio contribui para isso. Além de treinar Avaí, São Caetano, Vitória e Guaratinguetá, ele foi gerente de futebol no Palmeiras e Fortaleza. Com 45 anos, o técnico é formado em Publicidade e Propaganda e concluiu o Curso Internacional de Treinadores de Futebol, em 2001.
Essa bagagem contribuiu para que fosse o nome certo para a situação em que o Paraná passava, após o pedido de demissão de Ricardinho. A equipe paranaense estava ameaçada pelo rebaixamento para a Série C, além de não ter dinheiro para contratar reforços. O time precisava de um técnico que não fosse caro, soubesse lidar com o grupo e auxiliasse nos assuntos internos.
- Para um treinador passar por isso, tem que se preparar e ter uma bagagem para conseguir suportar a situação. Está dentro de um crescimento do técnico de futebol, enfrentar dificuldades em um clube como o Paraná, que não merece tudo isso. Eu entrei e cheguei no clube com esse espirito de colaboração. Estou muito entusiasmado desde que me apresentaram a proposta - confessa.
Para Toninho, o verdadeiro treinador de futebol não é aquele que se incomoda só com os detalhes para o jogo. O discurso do comandante paranista é de envolvimento nos bastidores, para saber como está a real situação e até que ponto pode avançar.
- É preciso se envolver com o clube, pois só assim o treinador passa a viver a real situação. Conviver com o desafio é importante para conseguir a superação. O Paraná é um clube grande, por isso aceitei o convite. Eu sei que a diretoria assumiu neste ano com dificuldades, mas fez um bom trabalho, que conseguiu contornar muita coisa ruim. Eles já passaram por uma temporada de transição e agora sabem como fazer para acertar no ano que vem.
fonte: globoesporte.com